Por que tiramos fotos corporativas com os braços cruzados?
- Higya Alessandra Merlin
- 3 de fev. de 2020
- 3 min de leitura

Parece uma convenção, talvez para passar uma imagem de respeito e seriedade. O fato é que não é incomum que as fotos para fins profissionais sejam com os braços cruzados.
Algum problema com a foto em si? Não! Cada um expõe sua imagem como achar melhor (eu também tenho fotos com os braços cruzados). Mas, instigada por um amigo, ouso fazer aqui um paralelo com o padrão de fotografia dos braços cruzados e a mudança no perfil de liderança.
Por um bom tempo, associou-se a imagem do chefe ao poder hierárquico, ao superior dono da verdade. Mesmo nos programas televisivos que abordam o mundo business, o chefe aparece com os braços cruzados, num ângulo majestoso.
A hierarquia deve ser respeitada, é claro. Aliás, o respeito vem sempre em primeiro lugar. Mas hoje esse modelo de chefe dono da verdade e detentor do poder soberano tem cada vez menos espaço nas organizações, sobretudo diante dos perfis das novas gerações.
Urgentemente, precisamos de líderes, não de chefes. E há uma considerável distância entre esses conceitos. O líder é o exemplo, a condução, o timoneiro. E nisso reside um fator crucial: essa condução pode ser direcionada para o bem ou para o mal. Dependendo de suas atitudes, da forma como conduz as decisões e dos comentários que faz, o líder pode elevar a sua equipe ou depreciá-la. Em gestão organizacional, defendo que o líder tem papel primordial na produtividade e no alcance dos objetivos estratégicos da empresa. Por isso, proporcionar o desenvolvimento das lideranças é tão importante para o sucesso das organizações.
Um líder que tem o foco na solução e não nos problemas conduz a equipe a atitudes proativas e ao melhor enfrentamento das adversidades. O líder inspira, desperta nos outros a vontade de fazer, de inovar, sem necessidade de imposições. O líder agrega, provoca admiração, promove crescimento, tem o foco na equipe e não em si próprio, faz com que as pessoas sintam-se importantes e pertencentes ao local.
E o verdadeiro líder é humilde, ou seja, é um ser "ensinável" e sábio, porque sabe que não é dono da verdade e que sempre há algo a aprender. E esse aprender vem, muitas vezes, de pessoas muito simples e de situações inusitadas. O sábio alimenta-se do respeito amplo à diversidade.
O verdadeiro líder não procura agradar a todos e bancar o bonzinho, mas preza pela justiça, pela ética e pela meritocracia. Sabe assumir responsabilidades, posicionar-se e ser assertivo com seus liderados, sem perder a educação e o respeito. Líder é aquele que fala as verdades na tua cara e te defende pelas costas. Líder não dá brecha para a fofoca!
Entendo que, se não apresentar essas características, não estamos falando de um líder, mas sim de um mero ocupante de um cargo ou de uma posição social rotulada, deslumbrado com uma posição superior, porém com um poder vazio, que não serve para nada, pois não é utilizado para o serviço do bem comum.
Quantas vezes temos fotos lindas e poderosas, porém nossas atitudes são ultrapassadas? Uma foto pode até passar a imagem de seriedade, mas é a prática diária que definirá qual é a sua autoridade e se essa autoridade é legítima e valorosa. Autoridade é uma conquista, não pode ser confundida com imposição e cultura do medo.
A boa notícia é que é possível aprender a ser líder! Portanto, vamos descruzar os braços e deixar tudo fluir de forma mais leve e integrativa, sem jamais perder de vista o profissionalismo. Inovar é preciso! E, quem sabe, ter uma atitude realmente profissional seja a grande inovação de que nosso país e nossas organizações necessitem para essa vida melhor que tanto desejamos no virar de cada ano.
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